“Barbie” – A Premissa
O facto do filme de começar no mundo da fantasia bastante feminino e rosa, em que a dominação feminina é feita pelo carisma, pela fofura, pelo empoderamento de outras mulheres sem que a outra se sinta ameaçada, foi um soco no estômago tanto para Barbie como para mim como expectadora à transição para o mundo real.
Sabemos que o nosso mundo é extremamente masculino. Senti isso tudo junto com a Barbie e o Ken.
Me consciencializei ainda mais da minha condição como mulher. O espelhamento do mundo real, em que as notas só têm rostos de figuras masculinas, um mundo com pouca cor, piropos fatelas, etc.
Ééé MULHERADA! A realidade é fria. Vivemos em um mundo que tenta maximizar a narrativa que estamos incluídas em todos dos lugares. E já estámos tão habituadas à isso que às vezes nem damos conta. O filme faz esse espelho muitooooo bem!
Um mundo em que muitas empresas ainda fingem não saber que as mulheres menstruam e que muitas delas trabalham espasmando em dores. Ignoram a diferença de salários, nos presenteiam com flores, promovem acções no dia das mulheres e esquecem delas resto do ano.
Barbie traz essas discussões de forma bem subtil. A subtileza é a palavra de ordem neste filme. Essas mensagens estão impregnadas em vários momentos nos diálogos, nas piadas, nos comportamentos e no cenário.
O outro lado do filme “Barbie”
Mas, o filme traz também um tema que tem ganhado mais e mais espaço de discussão – o conceito de MASCULINIDADE.
A necessidade dos homens de estarem em contacto com as suas emoções e de se autoconhecerem. Em vez que de fazerem tudo para captar atenção feminina.
Diz-se por aí que o Ken é vilão da história.
Na verdade, não considero. Chega a ser o meu personagem favorito no filme. Ele é vítima da sua própria condição – ele vai de pavão ridículo, meloso apaixonado à completamente surtado. O Ryan Gosling está simplesmente H-I-L-A-R-I-A-N-T-E no papel de Ken!
O Ken é arquétipo do homem hetero moderno – desligado das próprias emoções (ou fingindo que elas não existem), buscando atenção e aprovação feminina e sofrendo do “síndrome-quem-tem-pénis-maior-que-o-meu”.
Não é por acaso que muitos homens estão a sentir-se extremamente ofendidos com a figura do Ken. A enorme necessidade de aprovação do Ken tornava-o um alvo facilmente manipulável. O filme traz outras discussões nas quais não vou falar para não dar mais spoilers.
Em suma
Confesso que tive receio de assistir o filme – ouvi comentários de que era um filme feminista. Fiquei de pé atrás. Porque o feminismo moderno se distanciou do feminismo real.
Evitei todos os spoilers e fui assistir com a minha melhor amiga. A Barbie vai ter que me perdoar eu não fui de rosa. Não tive tempo.
Ri-me várias vezes, tive momentos “AHMMM” e “OHHH”, houve situações que me desliguei do filme – perdi-me na narrativa. Hahahah.
Na fila de trás, um grupo de 3 meninas levantaram-se no meio do filme e foram-se embora.
E uma delas comentou de forma bem audível “nota dó para este filme”. E no final do filme disse à minha amiga “Não achei isso tudo”.
Butttttt, meia hora depois estávamos a ter altos mind blowings de várias situações do filme e já dizia para a minha amiga que o filme era genial! Hahahahah. Este é segredo deste filme!
O filme Barbie é daquelas experiências que se estranha e depois entranha-se! E assim que puder vou voltar à assistir.
Com certeza que me vou deliciar ainda mais com ele. Acredito será considerado um dos filmes mais influentes do ano ou da década. Quiçá!
Não só pela influência em fashion, social media e toda merchardinsing da Barbie – mas principalmente se ambos os géneros captarem a grande mensagem que ele traz:
Não é sobre matriarcado ou patriarcado! É sobre coexistirmos em harmonia.
Partilha em baixo as tuas opiniões sobre o filme.
2 respostas
A grande proeza do filme da minha opinião foi a subtileza com que foi passada mensagens controversas numa altura em que a sociedade está tão polarizada. De que os extremos nunca é uma zona feliz. Acredito que a maioria foi com a expectativa de sair do filme com um grande vilao em mente . De conseguir facilmente identificar este é o lado certo e aquele é o errado but na minha opinião não houve o grande vilão. Essa é a origem da reflexão de que todos precisamos. A Barbie não teve atitudes sempre corretas , e o Ken igualmente . A harmonia acontece quando há um equilíbrio dos dois mundos, com limites, respeito… BTW a Amiga sou euuu ahahah Well done
SIMM! HAHHAHAHAH xD